quinta-feira, 15 de março de 2007

BIOGRAFIA



Estrela do talk show de maior audiência na história da televisão mundial, a apresentadora Oprah Winfrey, de 51 anos, foi uma menina pobre, gorducha e rejeitada, que resolveu enfrentar o destino com muitos sonhos na cabeça e nenhum centavo no bolso. Conseguiu. Terceira celebridade mais rica do mundo (perde apenas para o ator Mel Gibson e o jogador de golfe Tiger Woods), é considerada uma das personalidades mais influentes do século 20, ao lado de Martin Luther King, Charlie Chaplin e Picasso.

Uma espécie de diva da sociedade americana, seuThe Oprah Winfrey Show é o mais assistido do mundo (distribuído em mais de cem países, incluindo o Brasil) há mais de duas décadas. Tudo porque ela trata banalidades e temas polêmicos com a mesma emoção e envolvimento de quem bate um papo entre amigos. "Consigo me comunicar com tantas pessoas porque sou igual a todos e não faço segredo disso. Tive uma infância complicada, fui violentada, batalhei muito, relacionei-me com homens que me fizeram mal, vivo fazendo dieta e não tenho vergonha de declarar tudo pessoalmente", conta sem titubear.

CINDERELA DE ÉBANO

Oprah Gail Winfrey nasceu em 1954, em Kosciusko, Mississippi, Estados Unidos. A mãe, uma garota de 18 anos, engravidara casualmente do militar Vernon Winfrey. Tão logo se recuperou do parto, a jovem abandonou o bebê na porta da casa do amante e sumiu. Oprah foi criada com mãos de ferro pela avó paterna. Aos 3 anos era tão precoce que recitava versinhos na igreja e aprendeu a ler sozinha. Mas apesar de esperta e comunicativa, foi rejeitada por ser obesa e ter uma inteligência acima da média.Excluída, sem amigos, mãe e pai, e sem brinquedos, buscou alento nos livros e nos estudos da Bíblia. Entediada com a mesmice do jardim da infância, escreveu uma carta pedindo à professora para pular aquela etapa porque "não se sentia à vontade com as colegas da sua idade". Meses depois, a gordinha de pés descalços saltou da pré-escola à terceira série primária. "Sou o que sou porque era obrigada a ler todos os dias e me agarrei aos estudos", revela a dama da TV, que só usou o primeiro sapato aos 6 anos, quando foi morar com o pai.

No entanto, a severidade do militar e a volta repentina da mãe - que apareceu para buscá-la - assustaram a menina, que fugiu de casa e foi morar com uma tia. Lá, com apenas 9 anos, a estrela foi estuprada pelo primo, que passou a molestá-la a partir dali. Aos 14 anos, grávida e sem rumo, aceitou morar com a mãe. O bebê morreu uma semana depois do nascimento. Revoltada, passou a cometer pequenos furtos dentro de casa e foi mandada para um reformatório, de onde logo foi expulsa.



Sozinha, mas cheia de esperança, resolveu mudar o rumo de sua vida. Abraçou os estudos e ganhou uma bolsa num colégio particular freqüentado por jovens brancos e ricos. Atacada pelo preconceito, respondia às chacotas usando seus conhecimentos. Tornou-se popular pelas notas, a simpatia e a determinação. Nessa época, venceu um concurso cujo prêmio era visitar uma rádio local. Lá, os diretores se encantaram com a voz dela e deram-lhe uma chance.

oprah2_68

DAMA DA COMUNICAÇÃO

Aos 17 anos, Oprah era repórter de rádio em Nashville e estudava Comunicação Social e Artes Performáticas. Indecisa entre o jornalismo e o teatro, dividia o tempo entre a rádio, a universidade e as aulas de interpretação. Talentosa, foi para a TV ser âncora de um noticiário e ficou conhecida como a primeira apresentadora negra a comandar um telejornal. Em 1976, passou a co-apresentadora de um quadro de entrevistas em Baltimore e formatou seu estilo de entrevistar.

Dez anos mais tarde, uma grande emissora convidou-a para salvar um programa de baixa audiência, o AM Chicago. Ela fez tanto sucesso que, em menos de um ano, o canal foi obrigado a mudar o nome da atração para The Oprah Winfrey Show e, atendendo a pedidos, teve que veiculá-la em rede nacional. Afinal, todos queriam saber quem era aquela negra bonita e inteligente que falava com a sabedoria de uma anciã e a cumplicidade de uma irmã.

Ganhadora de inúmeros prêmios, entre eles o Emmy de melhor apresentadora, a jornalista que amava atuar foi convidada por Steven Spielberg para participar de A Cor Púrpura. Talentosa, ela brilhou na pele da sofredora Sofia.



BATE-PAPO NO SOFÁ

Hoje, 20 anos depois, Oprah forma opiniões e fala o que lhe vem à cabeça. Num programa em que conversava com mulheres que tinham engravidado dos próprios pais, ficou tão furiosa ao entrevistar um dos criminosos que o chamou de verme. Em outra ocasião, viajou até a Geórgia para visitar Forsyth Country, uma cidade que não permitia a entrada de negros. Discutiu fervorosamente com os envolvidos e sua reportagem desencadeou manifestos anti-segregacionistas no mundo inteiro. Meses depois, um especial sobre a Ku Klux Klan impulsionou a luta pelos direitos civis nos anos 90. "Não posso mudar as pessoas, mas posso expô-las ao que de fato são."

Com a mesma desenvoltura, recebeu Michael Jackson em seu sofá e perguntou se o astro era virgem. Também indagou se Whitney Houston apanhava do marido e como Hillary Clinton se sentia com a traição do então presidente Bill Clinton. Com exceção de Jackson, todos abriram o coração. Whitney disse que era ela quem batia no marido e a primeira- dama considerou o caso de Clinton uma fraqueza. Mas não são apenas os convidados que fazem revelações no talk show, a apresentadora também. Durante um debate sobre drogas, por exemplo, ela contou que foi viciada em craque. Em outro episódio, confidenciou comer compulsivamente e que certa vez devorou 12 hot-dogs de uma vez.


Noiva do empresário Stedman Graham, a todo-poderosa da TV é capaz de manipular a sociedade americana com uma simples frase. Basta comentar que gostou de determinado livro, para a obra esgotar no dia seguinte. Durante a "crise da vaca louca" nos anos 90, disse que tinha medo de comer carne bovina contaminada e que passaria a consumir só frango. Milhares de americanos deixaram de comprar hambúrgueres, que empacaram nas lanchonetes fazendo a indústria do gado mover um processo contra Oprah, que ganhou a causa.